quinta-feira, 6 de setembro de 2007

9º Ano - Oriente Médio

O Médio OrientePE ou Oriente MédioPB (em árabe, Mashrek) é um termo que se refere a uma área geográfica à volta das partes leste e sul do Mar Mediterrâneo, conhecida como barril de pólvora pelo complexo e explosivo clima político da região, um território que se estende desde o leste do Mediterrâneo até ao Golfo Pérsico. O Médio Oriente é uma sub-região da África-Eurásia (partes da Turquia estão na Europa, e o país é considerado por alguns como parte da última), sobretudo da Ásia, e partes da África Setentrional.

Fronteiras
O termo Oriente Médio define uma área de forma pouco específica, sem definição de fronteiras precisas. Geralmente considera-se incluir:
Afeganistão
Arábia Saudita
Barein
Egito
Emirados Árabes Unidos,
Iêmen
Israel
Irã
Iraque
Jordânia
Kuwait
Líbano
Palestina, que inclui: Cisjordânia e Faixa de Gaza
Omã
Qatar
Síria
Turquia

8º Ano - Independência do Brasil

A vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil (1807)
Ver artigo principal: João VI de Portugal
Com a presença da Família Real Portuguesa no Brasil a partir de 1808, registrou-se o que alguns historiadores brasileiros denominam de "inversão metropolitana", ou seja, o aparelho de Estado Português passou a operar a partir do Brasil, que desse modo deixou de ser uma "colônia" e assumiu efetivamente as funções de metrópole.

A Revolução liberal do Porto (1820)
Ver artigo principal: Revolução liberal do Porto
O passo seguinte, que conduziu à independência do Brasil, ocorreu com a eclosão da Revolução liberal do Porto (24 de agosto de 1820), que impôs o regresso de D. João VI a seu país, visando forçar o retorno do chamado Pacto Colonial. A notícia do movimento chegou ao Rio de Janeiro em 12 de outubro, causando intensa comoção.




Reflexos no Pará
O movimento havia sido acolhido com entusiasmo na Ilha da Madeira e no arquipélago dos Açores quando a notícia chegou, em 1 de dezembro, a Belém do Pará. Como a província estava entregue a uma Junta interina, a circunstância facilitou o pronunciamento de apoio entusiástico à causa constitucional. A bordo do mesmo navio que trouxe a notícia, galera Nova Amazonas, chegou o estudante Filipe Patroni, desafrontado e ardente, que "logo alcançou o concurso dos chefes militares, coronéis João Pereira Vilaça e Francisco José Rodrigues Barata". Este último, no dia 1º de janeiro de 1821, em nome do povo e da tropa proclamou a Constituição que iria ser elaborada pelas Cortes portuguesas". Elegeu-se por aclamação uma Junta Constitucional provisória de nove membros, deu-se comunicação ao Rio, Patroni e Domingos Simões Cunha foram eleitos procuradores da província e encarregados de representar perante as Cortes e a Junta Suprema os interesses dos paraenses.





Reflexos na Bahia
O levante se deu em 21 de fevereiro de 1821, pois era terra de espíritos exaltados como Cipriano José Barata de Almeida e José Lino Coutinho. Deram início os quartéis. O Governador, conde da Palma, ordenou ao marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes, inspetor das tropas, reunir as tropas fiéis. Enfrentou os rebeldes com apenas 160 homens, pois a maior parte da tropa o abandonou. Não houve meio de os demover de constituir na Bahia uma Junta constitucional provisória, a exemplo de Belém, pela qual se manifestasse completa obediência às Cortes de Lisboa, jurando-se desde logo a Constituição. Palma cedeu, propondo ele mesmo os nomes das pessoas que formaram a Junta. E a Junta foi mais longe, dirigindo-se a Lisboa como se tal governo fosse já o único legítimo da monarquia e pedindo tropa portuguesa. Foram-lhe mandados 1.184 homens, a Legião Constitucional Lusitana. A Junta nomeou ainda o marechal Luís Paulino de Oliveira Pinto de França para o cargo de Governador das armas, o coronel Inácio Luís Madeira de Melo para o de inspetor das tropas, pois Caldeira Brant acompanhara Palma ao Rio.
Reflexos em Pernambuco
Luís do Rego Barreto tinha difícil situação desde a revolução de 1817 pois a terra ainda gemia com o "depravado e estúrdio despotismo", como diz Rocha Pombo em sua História do Brasil. Animado com as mensagens de Lisboa e convite da Junta da Bahia, mas temeroso de desaforos, conservou toda a plenitude da autoridade e dirigiu um manifesto ao povo, expondo as bases da Constituição que iria ser promulgada e convocando eleitores de todas as paróquias. Os pernambucanos receberam suspeitosos as promessas e votaram com independência, elegendo as pessoas que lhes pareciam mais dignas - "quase todas pertenciam mais ou menos ostensivamente aos vencidos de 1817".
A 29 de agosto de 1821 nomeou-se por aclamação uma Junta Provisional Temporária em Goiania, para contrabalançar outra, do partido português, em Recife. Mesmo pedindo reforços da Paraíba, Rego Barreto foi cercado em sua capital, saiu vitorioso o povo patriota! O Governador assinou uma capitulação, a 5 de outubro, junto á povoação do Beberibe. A vitória dos pernambucanos ecoou logo na vizinha Paraíba, onde a 25 de outubro foi eleita uma Junta Governativa para administrar a província em nome da Constituição portuguesa.

Reflexos no Maranhão
Ali governava deste 1819 o marechal Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca. Não pode deixar de admitir a autoridade de um Conselho Consultivo, e conseguiu transformar em farsa a eleição da Junta, no dia 13 de abril, sendo ele próprio proclamado Governador provisório. Mandou a seguir deportar diversos patriotas, procedeu à eleição de dois deputados às Cortes de Lisboa. Tinha triunfado o Governador, era terra muito atrasada. No dia 15 de fevereiro de 1822 foi eleita uma Junta Provisória e o marechal embarcou de volta para Portugal.

A partida do rei

D. Pedro I retratado por Simplício Rodrigues de Sá.
Podia, pois, considerar-se tanto em Portugal quanto no Brasil triunfante a revolução constitucionalista. Mas, muito longe achavam-se os liberais dos dois reinos de uma perfeita unidade de vistas quanto à natureza do movimento!
Para não abandonar o Brasil, D. João VI deixou como regente o filho, D. Pedro de Alcântara, mais tarde imperador como D. Pedro I. Se houvesse uma separação, era a maneira de garantir que a dinastia continuasse no poder.

As divergências
Não se pode compreender o processo de independência sem pensar no projeto recolonizador das Cortes portuguesas, a verdadeira origem da definição dos diversos grupos no Brasil. Embora o rompimento político com Portugal fosse o desejo da maioria dos brasileiros, havia muitas divergências. No movimento emancipacionista havia grupos sociais distintos: a aristocracia rural do sudeste partido brasileiro, as camadas populares urbanas liberais radicais e por fim, a aristocracia rural do norte e nordeste, que defendiam o federalismo e até o separatismo.
A aristocracia rural do sudeste, a mais poderosa, era conservadora, lutando pela independência, defendendo a unidade territorial, a escravidão e seus privilégios de classe. Os liberais radicais queriam a independência e a democratização da sociedade, mas seus chefes, Joaquim Gonçalves Ledo e José Clemente Pereira, permaneceram atrelados à aristocracia rural, sem revelar vocação revolucionária. A aristocracia rural do norte e nordeste enfrentava a forte resistência dos comerciantes e militares portugueses, Josué fortes no Pará, Maranhão e Bahia. Além disso, desconfiavam da política centralizadora de José Bonifácio.
O partido português no Brasil chamado por vezes dos pés de chumbo, estava do lado das Cortes; o partido brasileiro e os liberais radicais eram contra, mas divergiam quanto aos objetivos. Para opartido brasileiro, o ideal era a criação de uma monarquia dual (Brasil e Portugal) para preservar a autonomia administrativa e a liberdade de comércio. Mas a intransigência das Cortes portuguesas, que nada tinham de liberais, fez o partido inclinar-se pela emancipação, sem alterar a ordem social e os seus privilégios. Já os liberais radicais formavam agrupamento quase revolucionário, bem perto das camadas populares urbanas, sendo alguns republicanos. No conjunto, tratava-se do grupo mais receptivo às mudanças mais profundas e democráticas da sociedade.
A concretização das aspirações de cada um desses agrupamentos era distinta. Os grandes proprietários rurais ligados ao partido dispunham dos meios efetivos para a realização de seus objetivos. A ânsia por um comércio livre de entraves mercantilistas encontrava apoio em forças internacionais, lideradas pela burguesia britânica. A sólida base econômica e social escravista garantia ainda os recursos materiais para resistir com êxito à provável ameaça recolonizadora de Lisboa.
A situação do Brasil permaneceu indefinida em 1821.em 9 de dezembro, chegaram ao Rio de Janeiro os decretos das Cortes que ordenavam a abolição da regência e o imediato retorno de D. Pedro a Portugal; a obediência das províncias a Lisboa e não mais ao Rio de Janeiro;a extinção dos tribunais do Rio.O Príncipe Regente D. Pedro,começou a fazer preparativos para seu regresso. Mas estava gerada enorme inquietação. O partido brasileiro ficou alarmado com a recolonização e com a possibilidade de uma explosão revolucionária. A nova situação favoreceu a polarização: de um lado o partido português e do outro, o partido brasileiro com os liberais radicais, que passaram a agir pela independência.
Na disputa contra os conservadores, os radicais cometeram o erro de reduzir a questão à luta pela influência sobre o Príncipe Regente. Era inevitável que este preferisse os conservadores. Ademais, os conservadores encontraram em José Bonifácio um líder bem preparado para dar à independência a forma que convinha às camadas dominantes.

Dona Maria Leopoldina, O "Fico" e o "Cumpra-se"
Sondado, o príncipe se mostrou receptivo. Foram enviados emissários a Minas e São Paulo para obter a adesão à causa emancipacionista, com resultados positivos. No Rio de Janeiro foi elaborada uma representação (com coleta de assinaturas) em que se pedia a permanência de D.Pedro de Alcantara. O documento foi entregue a D.Pedro de Alcantara a 9 de janeiro de 1822 por José Bonifácio de Andrade e Silva, presidente do Senado da Câmara do Rio de Janeiro. Em resposta, o Príncipe Regente decidiu desobedecer às ordens das Cortes e permanecer no Brasil: era o Fico.

José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência.
A arquiduquesa da Áustria e imperatriz do Brasil, Dona Maria Leopoldina Josefa Carolina, exerce a regência, na ausência de D. Pedro I, que se encontrava em São Paulo. A imperatriz envia-lhe uma carta, juntamente com outra de José Bonifácio, além de comentários de Portugal criticando a atuação do marido e de dom João VI. Ela exige que D. Pedro proclame a Independência do Brasil e, na carta, adverte: O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece.
A decisão do príncipe de desafiar as Cortes decorreu de um amplo movimento, no qual se destacou José Bonifácio de Andrada e Silva. Membro do governo provisório de São Paulo, escrevera em 24 de dezembro de 1821 uma carta a D. Pedro, na qual criticava a decisão das Cortes de Lisboa e chamava a atenção para o papel reservado ao príncipe na crise. D. Pedro divulgou a carta, publicada na Gazeta do Rio de Janeiro de 8 de janeiro de 1822 com grande repercussão. Dez dias depois, havia chegado ao Rio uma comitiva paulista, integrada por José Bonifácio, para entregar ao príncipe a representação paulista. No mesmo dia, D.Pedro I nomeou José Bonifácio ministro do Reino e dos Estrangeiros, cargo de forte significado simbólico: pela primeira vez o cargo era ocupado por um brasileiro. Os irmãos Andrada (Cristovão Colombo e seus irmãos Antônio Colombo e Martim F. Colombo) tornaram-se figuras políticas de destaque nacional.
D. Pedro ganhou forte apoio popular com a decisão do Fico. Para resistir às ameaças de recolonização foi decretada, em 16 de fevereiro de 1822, a convocação de um Conselho de Procuradores Gerais das Províncias do Brasil. Teoricamente, tinha por finalidade auxiliar o príncipe mas na prática tratava-se de manobra dos conservadores, liderados por José Bonifácio, contra os radicais, representados por Joaquim Gonçalves Ledo, um funcionário público para quem a preservação da unidade político-territorial do Brasil deveria ser feita convocando-se uma Assembléia Constituinte eleita pelo povo. O conselho foi convocado exatamente para evitar isso e manter a unidade sob controle do poder central e dos conservadores.
Em maio, a cisão entre D. Pedro e as Cortes aprofundou-se: o regente determinou que qualquer decreto das Cortes só poderia ser executado mediante o « Cumpra-se » assinado por ele, o que equivalia a conferir plena soberania ao Brasil. A medida teve imediato apoio: a 13 de maio o Senado da Câmara do Rio de Janeiro conferiu ao príncipe regente o título de Defensor Perpétuo do Brasil.
Houve uma investida militar da Divisão Auxiliadora, estacionada no Rio sob o comando do Tenente general Jorge de Avilez, expulso do Brasil com suas tropas.
Quando dos festejos pelo aniversário de D. João VI de Portugal, em 13 de Maio, o Senado da Câmara do Rio de Janeiro pediu ao Príncipe-Regente que aceitasse para si e para seus descendentes o título de Defensor Perpétuo do Brasil.
Os liberais radicais mantinham-se ativos: por iniciativa de Gonçalves Ledo, uma representação foi dirigida a D. Pedro para expor a conveniência de se convocar uma Assembléia Constituinte. O príncipe decretou a convocação em 13 de junho de 1822. A pressão popular levaria a convocação adiante, dando continuidade ao processo.
José Bonifácio resistiu à idéia de convocar a Constituinte, mas foi obrigado a aceitá-la. Procurou descaracterizá-Ia, propondo a eleição indireta, que acabou prevalecendo contra a vontade dos liberais radicais, que defendiam a eleição direta. Embora os conservadores tenham obtido o controle da situação e o texto da convocação da Constituinte apresentasse declarações favoráveis à permanência da união entre Brasil e Portugal, as Cortes insistiam: o príncipe regente deveria retornar imediatamente.




A declaração de Independência

Detalhe de quadro a óleo sobre a Independência do Brasil, de François-René Moreaux, que hoje é conservado no Museu Imperial de Petrópolis. Foi executado em 1844, a pedido do Senado imperial.
No final de agosto, D. Pedro viajava para a província de São Paulo para acalmar a situação depois de uma rebelião contra José Bonifácio. Apesar de ter servido de instrumento dos interesses da aristocracia rural, à qual convinha a solução monárquica para a independência, não se deve desprezar seus interesses próprios. Tinha formação absolutista e por isso se opusera à revolução do Porto, liberal. Da mesma forma, a política recolonizadora das Cortes desagradou à opinião pública brasileira. E é nisso que se baseou a aliança entre D. Pedro e o «partido brasileiro». Assim, se a independência do Brasil pode ser vista, objetivamente, como obra da aristocracia rural, é preciso considerar que teve início como compromisso entre o conservadorismo da aristocracia rural e o absolutismo do príncipe.
Ao voltar de Santos, parando às margens do riacho Ipiranga, D. Pedro de Alcântara ordens de seu pai, era para que ele voltasse para Portugal, se submetendo ao rei e às Cortes. Vieram juntas duas cartas, uma de José Bonifácio, que aconselhava D. Pedro a romper com Portugal, e a outra da esposa, Maria Leopoldina, apoiando a decisão do ministro. D. Pedro I, impelido pelas circunstâncias, pronunciou as famosas palavras Independência ou Morte!, rompendo os laços de união política com Portugal, em 7 de Setembro de 1822. Ao chegar na capital, Rio de Janeiro, foi aclamado Imperador, com o título de D. Pedro I.
Culminava o longo processo de emancipação, iniciado em 1808 com a vinda da família real. A 12 de outubro de 1822, D. Pedro foi aclamado imperador e coroado em 1 ° de dezembro.




A guerra da Independência
Ver artigo principal: Guerra da independência do Brasil
A independência do Brasil, depois disso, foi conquistada de um modo relativamente rápido. O apoio da Inglaterra nessa independência foi crucial, usando sua diplomacia. O uso de mercenários ingleses sufocando rebeldes e guerras foi decisivo. Depois disso, ela foi seguindo naturalmente. Inicialmente assustados com a idéia, os comerciantes e funcionários portugueses a aceitaram, já que seus interesses seriam mantidos pelo fato de o imperador pertencer à dinastia de Bragança e ser herdeiro da Coroa Portuguesa.
Os problemas com as guerras não foram algo grande. Normalmente elas eram provincianas e de pequenos portes. Em 1823 todas elas já tinham sido sufocadas.

Conseqüências

Independência ou Morte mais conhecido com O Grito do Ipiranga, de Pedro Américo (óleo sobre tela, 1888).
Apesar de ser heróica a história do rompimento com Portugal, a independência do Brasil teve vários aspectos negativos. Na sua maioria, foi uma independência das elites, que ganharam mais liberdade econômica e política.
Coerentemente com as idéias da época, ao contrário do que desejava José Bonifácio, por exemplo, a escravidão foi mantida.
Para ser reconhecido oficialmente, o Brasil negociou com a Inglaterra e aceitou pagar indenizações de 2 milhões de libras esterlinas a Portugal. Inglaterra saiu lucrando, tendo início seu endividamento externo do Brasil. Quando D. João VI retornou a Lisboa, por ordem das Cortes, levou todo o dinheiro que podia — calcula-se que 50 milhões de cruzados, apesar de ter deixado no Brasil sua prataria e a enorme livraria, com obras raras que compõem, hoje, o acervo básico da Biblioteca Nacional. Em conseqüência da leva deste dinheiro para Portugal, o Banco do Brasil, fundado por D. João VI em 1808, faliu em 1829.

7º Ano - Os Romanos



A fundação da cidade

O centro de Roma durante o Império.
Roma desenvolveu-se na Península Itálica , região de solo fértil, com a costa recortada, limitando-se ao norte com a Europa centro-ocidental através dos Alpes.
Quando Roma foi fundada, a Península Itálica era ocupada pelos gauleses, ao norte; pelos etruscos e latinos,ao centro, e pelos gregos, ao sul - a Magna Grécia. Desses povos, os mais importantes para a formação de Roma foram os latinos, habitantes do Lácio, que viviam divididos em várias tribos, e os estruscos, habitantes de Toscana (Etrúria).
Roma foi fundada no Lácio, por volta do ano 1000 a.C. Ao que tudo indica, foi inicialmente um centro de defesa latino contra os ataques constantes dos etruscos.

A origem lendária
Tem-se, todavia, a versão lendária da fundação de Roma, relatada por Tito Lívio em sua "História de Roma" e reforçada na obra Eneida, pelo poeta romano Virgílio, segundo a qual Enéias, príncipe troiano filho de Vênus (mitologia), fugindo de sua cidade, destruída pelos gregos, chegou ao Lácio e se casou com uma filha de um rei latino.
Seus descendentes, Rômulo e Remo, foram jogados por Amúlio, rei de Alba Longa, no rio Tibre. Mas foram salvos por uma loba que os amamentou, tendo em seguida encontrados por camponeses. Conta ainda a lenda que, quando adultos, os dois irmãos voltaram a Alba Longa, depuseram Amúlio e em seguida fundaram Roma, em 753 a.C. Após desentendimentos, entretanto, Rômulo matou o irmão e se transformou no primeiro rei de Roma.


O Império cristão
O Império Romano passou a tolerar o cristianismo a partir de 313 d.C., com o Édito de Milão, assinado durante o império de Constantino I (do Ocidente) e Licínio (do Oriente), no mesmo dia em que ocorreu o casamento de Licínio com Constantia, irmã do imperador da porção ocidental do Império. Com este édito, o cristianismo deixou de ser proibido e passou a ser uma das religiões oficiais do Império.

As divisões administrativas do Império Romano em 395, sob Teodósio I.
O Cristianismo tornou-se a única religião oficial do Império sob Teodósio I (379-395 d.C.). Inicialmente, o imperador detinha o controle da Igreja. A decisão não foi aceita uniformemente por todo o Império; o paganismo ainda tinha um número muito significativo de adeptos. Uma das medidas de Teodósio I para que sua decisão fosse ratificada foi tratar com rigidez aqueles que se opuseram a ela. O massacre de Tessalônica devido a uma rebelião pagã deixa clara esta posição do imperador. Um dos conflitos entre a nova religião do Império e a tradição pagã consistiu na condenação da homossexualidade, uma prática comum na Grécia antes e durante o domínio romano.

A divisão
Depois da morte de Teodósio, o Império dividiu-se em dois (o Império Ocidental e Oriental). O Império Ocidental foi a parte invadida pelos bárbaros e tinha como capital Roma. O Império Oriental tinha como capital Constantinopla.

O fim do Império Ocidental
Ver artigo principal: Queda do Império Romano
O Império Romano do Ocidente sofreu invasão dos povos bárbaros (qualquer povo não-romano ou não-dominado-pelos-romanos) e, já enfraquecido internamente, não conseguiu guerrear, vindo à ruína o maior e mais bem formado Império de todos os tempos. Após a ruína, a capital do Império foi transferida para Constantinopla, no Império Oriental.

6º ano - Linguagem dos Gestos

Língua de sinais (em Portugal: Língua gestual) é o uso de gestos e sinais em vez de sons na comunicação. É muito utilizada como forma de entendimento entre pessoas surdas, mudas e com problemas auditivos. Há várias línguas de sinais em uso por todo o mundo, mas a mais comum é a Língua de Sinais Americana. Algumas línguas de sinais receberam reconhecimento oficial em vários países, e é comum que pessoas usando códigos diferentes possam entender-se num nível básico.

A difusão do alfabeto dactilológico de uma só mão entre os ouvintes gerou a pressuposição de que esse alfabeto é a própria língua de sinais, que há uma única língua de sinais e que essa língua é universal. No entanto, o alfabeto dactilológico é apenas um suplemento das línguas de sinais, cuja função é a soletração de palavras das línguas orais, tais como, nomes próprios, siglas, empréstimos, etc.
"O alfabeto dactilológico usado atualmente no Brasil é um conjunto de 27 formatos, ou configurações diferentes de uma das mãos, cada configuração correspondendo a uma letra do alfabeto do português escrito, incluindo o “Ç”".- INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos.
É comum aos ouvintes pressupor que as línguas de sinais sejam versões sinalizadas das línguas orais; por exemplo, muitos acreditam que a LIBRAS é a versão sinalizada do português; que a Língua Americana de Sinais é a versão sinalizada do inglês; que a Língua Japonesa de Sinais é a versão sinalizada do japonês; e assim por diante. No entanto, embora haja semelhanças ou aspectos comum entre as línguas de sinais, e entre as línguas de sinais e as orais, os chamados “universais linguísticos”, as línguas de sinais são autónomas, possuindo peculiaridades que as distinguem umas das outras e das línguas orais.
É muito aconselhável soletrar devagar, formando as palavras com nitidez. Entre as palavras soletradas, é melhor fazer uma pausa curta ou mover a mão direita para o lado esquerdo, como se estivesse empurrando a palavra já soletrada para o lado. Normalmente o alfabeto manual é utilizado para soletrar os nomes de pessoas, de lugares, de rótulos, etc., e para os vocábulos não existentes na língua de sinais.
Os sinais de pontuação, tais como, vírgulas, ponto final e de interrogação, às vezes, são desenhados no ar. Preposições e outras classes de palavras de que a língua não dispõe são inseridas na sinalização por meio da dactilologia, ou do alfabeto manual.
A língua de sinais é tão natural e tão complexa quanto às línguas orais, dispondo de recursos expressivos suficientes para permitir aos seus usuários expressar-se sobre qualquer assunto, em qualquer situação, domínio do conhecimento e esfera de atividade. Mais importante, ainda: é uma língua adaptada à capacidade de expressão dos surdos.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

9º ano- Segunda Guerra Mundial





A Segunda Guerra Mundial (1939–1945) opôs os Aliados às Potências do Eixo, tendo sido o conflito que causou mais vítimas em toda a história da Humanidade. As principais potências aliadas eram a China, a França, a Grã-Bretanha, a União Soviética e os Estados Unidos. O Brasil se integrou aos Aliados em 1943. A Alemanha, a Itália e o Japão, por sua vez, perfaziam as forças do Eixo. Muitos outros países participaram na guerra, quer porque se juntaram a um dos lados, quer porque foram invadidos, ou por haver participado de conflitos laterais. Em algumas nações (como a França e a Jugoslávia), a Segunda Guerra Mundial provocou confrontos internos entre partidários de lados distintos.

O líder alemão de origem austríaca Adolf Hitler, Führer do Terceiro Reich, pretendia criar uma "nova ordem" na Europa, baseada nos princípios nazistas da suposta superioridade alemã, na exclusão — eliminação física incluída — de algumas minorias étnicas e religiosas, como os judeus e os ciganos, bem como deficientes físicos e homossexuais; na supressão das liberdades e dos direitos individuais e na perseguição de ideologias liberais, socialistas e comunistas.

Tanto a Itália como o Japão entraram na guerra para satisfazer os seus propósitos expansionistas. As nações democráticas (como a França, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos da América) opuseram-se a estes desejos do Eixo. Estas nações, juntamente com a União Soviética, após a invasão desta pela Alemanha, constituíram a base do grupo dos Aliados.


Causas da guerra
Ver artigo principal: Causas da Segunda Guerra Mundial.
A Primeira Guerra Mundial - "feita para pôr fim a todas as guerras" - transformou-se no ponto de partida de novos e irreconciliáveis conflitos, pois o Tratado de Versalhes (1919) disseminou um forte sentimento nacionalista, que culminou no totalitarismo nazi-facista. As contradições se aguçaram com os efeitos da Grande Depressão. Além disso, a política de apaziguamento, adotada por alguns líderes políticos do período entreguerras e que se caracterizou por concessões para evitar um confronto, não conseguiu garantir a paz internacional. Sua atuação assemelhou-se à da Liga das Nações: um órgão frágil, sem reconhecimento e peso, que deveria cuidar da paz mundial, mas que fracassou totalmente. Assim, consolidaram-se os regimes totalitários, que visavam sobretudo a conquistas territoriais, processo que desencadeou a Segunda Guerra Mundial.


A reconquista da Europa

Desembarque na costa da Normandia
A partir de 1943, os exércitos aliados foram recuperando território passo a passo. Os soviéticos obrigaram os alemães a retroceder e os norte-americanos ocuparam parte da Itália.
A 6 Junho de 1944, no chamado Dia D (D-Day), os Aliados efectuaram um desembarque nas praias da Normandia (Operação Overlord), em que participaram o Exército Britânico (lutando nas praias de Gold e Sword), o Exército Americano (lutando em Omaha e Utah) e o Exército Canadense (lutando em Juno). Os americanos sofreram por volta de duas mil baixas, pois os tanques Sherman, (disfarçados de Chatas pelo Exército Americano para os esconder, e torná-los um fator surpresa) afundaram. Já o Exército britânico não teve muitas baixas em Gold e Sword, pois seus tanques blindados e especializados (em cortar trincheiras e explodir minas) conseguiram ultrapassar. Era o início da Batalha da Normandia. A Wehrmacht, não conseguiu responder ao ataque devidamente, pois o comandante da área (à época, General Erwin Rommel) não estava presente, pois seu carro havia sido bombardeado durante uma viagem à Alemanha e, encontrava-se internado num hospital da Luftwaffe.
A juntar a este facto, a Wehrmacht era naquela zona principalmente constituída por homens recrutados à força, em países invadidos pelos alemães. Especula-se também que, à hora da invasão, Hitler estaria a dormir, e nenhum dos seus subalternos se atreveu a acordá-lo, ou a dar ordem para que as divisões blindadas estacionadas no interior se dirigissem para a costa, a fim de deter a invasão. Outro factor que também atrasou a movimentação das divisões blindadas para a zona costeira foi a sabotagem, principalmente dos caminhos de ferro, por parte da resistência francesa. Na madrugada do dia 6, antes do desembarque, pára-quedistas haviam já saltado atrás das linhas alemãs, embora de forma desorganizada, tendo por isso a maioria destes falhado os locais de aterragem. O objectivo destes pára-quedistas era neutralizar as peças de artilharia alemãs colocadas no interior, que naturalmente iriam bombardear as tropas aliadas assim que estas chegassem às praias.
Após o desembarque na Normandia, seguiu-se a operação Market Garden em Setembro de 1944, que tinha como um dos objectivos libertar os Países Baixos. Esta operação foi superior à Overlord no que respeita ao número de soldados envolvidos (apenas pára-quedistas), mas resultou num enorme fracasso, contando-se cerca de 20 mil mortos, só entre os americanos, e 6500 britânicos foram feitos prisioneiros. O objectivo dos Aliados era conquistar uma série de pontes nos Países Baixos, o que lhes permitiria atravessar o rio Reno.


A derrota do Eixo

Soldado soviético pendura uma bandeira soviética no Reichstag
Apesar da evidente superioridade militar aliada, as tropas alemãs resistiram durante meses, até que, em Dezembro de 1944, Hitler ordenou uma contra-ofensiva na Bélgica, nas Ardenas. Os exércitos aliados, desgastados devido a problemas logísticos, sustiveram com grande dificuldade o avanço das tropas alemãs. Várias unidades aliadas foram cercadas pelo avanço alemão, privando estes soldados de receberem mantimentos e outros equipamentos, pelo que tiveram de sobreviver a um inverno rigoroso sem roupa adequada e com poucas munições. Eram frequentes as incursões de soldados alemães, disfarçados de soldados americanos, em áreas controladas pelos aliados para causar sérios transtornos, como mudança de caminhos de divisões inteiras, mudanças de placas, implantações de minas, emboscadas. Estes soldados alemães, os primeiros comandos, estavam sob o comando do Oberst (Coronel) Otto Skorzeny, que já libertara Mussolini, entretanto aprisionado em Itália. Finalmente, a ofensiva alemã acabou por fracassar, e o custo em termos militares acabou por fragilizar a posterior defesa do território alemão. Na Itália, foi tomada a abertura ao Reno, com participação de forças francesas, americanas e a Força Expedicionária Brasileira, fato que facilitou o avanço aliado pelo sul.

Este mapa mostra a batalha entre o Eixo e os Aliados, desde 1939 até 1945: Países de cor azul são os que aderiram aos aliados, de cor preta são os países que fazem parte do Eixo e os que foram dominados pelos alemães, os de vermelho são os territórios que pertencem à União Soviética.
Antes mesmo de findar a guerra, as grandes potências firmaram acordos sobre seu encerramento, além de definirem partilhas, inaugurando novos confrontos com potencial de desencadear uma hecatombe nuclear. O primeiro dos acordos foi a Conferência de Teerã, no Irã, em 1943.
Em Janeiro de 1945, Winston Churchill, Franklin D. Roosevelt e Josef Stalin reúnem-se novamente em Ialta, Ucrânia, já sabendo da inevitabilidade da derrota alemã, para decidir sobre o futuro da Europa pós-guerra. Nesta conferência, fica decidido que todos os países libertados deveriam realizar eleições livres e democráticas - o que não se veio a verificar, nos países controlados pelo Exército Vermelho - e que a Alemanha teria de compensar os países que invadiu. Discutiu-se também a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) em bases diferentes das da Liga das Nações. Definiu-se, ademais, a partilha mundial, deixando à União Soviética o predomínio sobre a Europa Oriental, incorporando os territórios alemães a leste e definindo a participação da URSS na rendição do Japão, com a divisão da Coréia em áreas de influência soviética e norte-americana. Assim, lançavam-se as bases para a Guerra Fria.
Entretanto, o avanço das tropas aliadas e soviéticas chegou ao território alemão. Previamente, havia já sido estabelecido o avanço dos dois exércitos, ficando a tomada de Berlim a cargo do Exército Vermelho. Esta decisão, tomada pelas esferas militares, foi encarada com apreensão pela população, pois era conhecido o rasto de pilhagens, execuções e violações (estupro), que os soldados soviéticos deixavam atrás de si, em grande parte como retaliação pela mortes causadas pelos soldados alemães na União Soviética (o país com o maior número de baixas civis e militares de toda a guerra, cerca de 20 milhões). A 30 de Abril de 1945, Adolf Hitler suicidou-se, quando as tropas soviéticas estavam a exatamente dois quarteirões de seu bunker.
A 7 de Maio, o seu sucessor, o almirante Dönitz, assinou a capitulação alemã. A 14 de Agosto de 1945, o general Tojo do Japão rendeu-se incondicionalmente.

A guerra no Pacífico

Pilotos kamikaze japoneses levaram a cabo corajosas missões suicidas contra os navios de guerra inimigos - em especial à armada dos Estados Unidos - inspirados pelas ideias do xintoísmo nacional. Estas missões suicidas levadas a cabo eram muito eficazes.
Por volta de 1940, o Japão, tinha já ocupado vários territórios no Pacífico, e tentava agora aumentar a sua influência no Sudoeste Asiático e no Pacífico.
A Junho de 1941, o Japão, invade a Indochina. O governo dos Estados Unidos da América, indignado, impõe sanções económicas ao Japão. Como represália, a 7 de Dezembro de 1941, a aviação japonesa atacou Pearl Harbor, a maior base norte-americana do Pacífico. Em apenas duas horas, os pilotos japoneses conseguiram inutilizar todos os navios ancorados no porto. cinco navios de guerra e outros 15 foram afundados ou destruidos.
No dia seguinte os EUA declaram guerra ao Japão, dando início à guerra do Pacífico.
Apenas duas horas após o ataque que deu início oficial à guerra do Pacífico, o ataque a Pearl Harbor, os japoneses iniciaram a invasão de vários territórios da Ásia e do Pacífico. Em Abril de 1942, o Japão, tinha já conquistado esses vastos territórios; controlando Hong Kong, a Malásia, Singapura — a qual a Grã-Bretanha abandonou a 15 de Fevereiro de 1942, a Indonésia, as Filipinas, a Birmânia e outras ilhas no Pacífico.
O sucesso dos japoneses, devia-se à utilização de um pequeno número de tropas, mas altamente treinadas e protegidas por uma força aérea. Todos os seus conflitos durante a Campanha do Sul foram combatidas por algumas divisões apenas, praticamente sem tanques ou armas sofisticadas.

O fim da guerra

Nuvem em formato de cogumelo resultado da explosão nuclear sobre Nagasaki em 9 de agosto de 1945, que subiu 18 km
Já em 1944 a guerra na Ásia começava a progredir devagar, já não mantendo o ritmo inicial da guerra. Em Março de 1944, as forças japonesas ocuparam a Birmânia e deram início a um ataque contra a Índia, mas acabaram por ser derrotadas em Impanhal. No Norte da China, as forças japonesas, começaram a enfrentar as forças comunistas de Mao Zedong. A Guerra Sino-Japonesa, que mobilizava mais de um milhão de homens, gastava mais recursos que a Campanha do Sul. Em 1944, depois de lançada a última ofensiva em Ichi Go, o Império japonês, tomou grande parte do Sul da China Central, estabelecendo uma ligação terrestre com a Indochina.
A quando a vitória japonesa na China, as forças Aliadas do Pacífico haviam chegado perto do arquipélago nipónico. Em 1945, a captura das ilhas de Iwo Jima (em Fevereiro) e Okinawa (em Abril), pelos Aliados, trouxeram o Japão para dentro do alcance de ataques aéreos e navais, começando assim os bombardeamentos a fábricas e instalações militares na ilha principal. Esses bombardeamentos, executados por bombardeiros norte-americanos B-29 entre Março e Junho, acabaram por destruir 58 cidades japonesas, matando mais de 393 000 civis.
Em inícios de Agosto o Imperador Hirohito, verificando as elevadas perdas nos últimos conflitos, autorizou que o embaixador japonês na União Soviética contactasse Estaline para apresentar uma rendição do Japão. Estaline recebeu a mensagem algumas horas antes da conferência dos Aliados na Alemanha, apresentando assim a rendição japonesa a Harry Truman. Os Aliados pediam ao Japão uma rendição incondicional, contudo o Japão decidiu não responder devido aos termos de rendição dos Aliados não especificarem o futuro do Imperador — visto como um deus para o povo japonês — tal como o sistema imperial. Harry Truman, após a sua chegada à conferência, recebeu uma mensagem que indicava que o teste da bomba atómica "Trinity" tinha sido bem sucedido; decidido a ganhar a guerra utilizando o projecto Manhattan deu indicações a Estaline para ignorar a mensagem japonesa e Estaline também com a idéia de ganhar territórios no Pacífico, ilhas conquistadas pelo Japão, concordou com Truman.
A 6 de Agosto, a bomba atómica "Little Boy", foi lançada sobre Hiroshima do B-29 "Enola Gay", pelo "esquadrão Atómico", contudo esta bomba não teve o efeito esperado, não tendo qualquer reacção no Imperador Hirohito e do Gabinete de Guerra japonês. Muito do povo japonês desconhecia ainda o ataque a Hiroshima, pois as estações de rádio e jornais não relataram nada sobre o ataque, apenas sobre um novo tipo de bomba desenvolvido.

Diplomata japonês assina a rendição a bordo do couraçado USS Missouri.
A 8 de Agosto de 1945 a União Soviética declarou guerra ao Japão, como tinha concordado na conferência, e lançou uma invasão (Operação Tempestade de Agosto, August Storm) em grande escala à Manchúria, que se encontrava ocupada pelo Japão — tal invasão é reconhecida pelos japoneses como o que teve mais efeito para o fim da guerra.
Truman decidiu não esperar por uma resposta do Japão, ordenando assim o lançamento de uma segunda bomba atómica, a "Fat Man" que foi lançada pelo B-29 "Bock's Car" sobre Nagasaki a 9 de Agosto.
A 14 de Agosto o Japão rende-se incondicionalmente, após aquelas cidades terem sido atingidas pelos engenhos nucleares, que causaram cerca de 300 mil mortos instantaneamente, e um número indeterminado de vítimas posteriormente, devido à contaminação pela radiação. As chefias militares norte-americanas justificaram esta acção afirmando que uma invasão do Japão teria custos elevados em termos de vidas de soldados americanos.
O Japão assinou a rendição a bordo do USS Missouri, na baía de Tóquio, no dia 15 de Agosto, sendo celebrada a vitória nesse dia, conhecido como Dia V-J.

Brasil na Guerra

Soldados brasileiros após a batalha de Monte Castelo di Vibio, Itália no dia (ou pouco depois de) 22 de Fevereiro de 1945.
Embora estivesse sendo comandado por uma ditadura de direita (o Estado novo getulista), o Brasil acabou participando da Guerra, junto aos Aliados (junto às nações democráticas). O motivo foi que em Fevereiro de 1942, submarinos supostamente alemães iniciaram o torpedeamento de embarcações brasileiras no oceano Atlântico. Em apenas cinco dias, seis navios foram a pique.
Durante 239 dias, entre Setembro de 1944 e Maio de 1945, 25445 soldados e oficiais brasileiros combateram na Itália. Tais confrontos resultaram em 456 mortos e 2722 feridos. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) capturou 14779 soldados inimigos, oitenta canhões, 1500 viaturas e 4 mil cavalos, saindo vitoriosa em oito batalhas.
A participação do Brasil na guerra contribuiu para o fim do regime do Estado Novo, já que não fazia sentido um país combater dois regimes ditatoriais e viver sob um, como foi denunciado pelo Manifesto dos Mineiros de 1943.
Em troca do apoio brasileiro, Roosevelt financiou a construção de uma gigantesca siderúrgica, a CSN (Compania Siderúrgica Nacional), para incentivar a economia brasileira e fornecer aço à frente aliada (porém o término da siderúrgica só aconteceu em 1946). Além disso, foi instalada uma base militar no Rio Grande do Norte, encarregada de treinamento militar e produção de armamentos. Essa base, de tão importante que foi para o sucesso no desembarque na Normândia, foi apelidada na época de "Trampolim da Vitória", devido ao grande "salto" que ela proporcionou para a frente aliada.
Por mais que, comparada a atuação de potências como a URSS, os EUA e a Inglaterra, a atuação do Brasil tenha sido pequena, devemos considerar o enorme auxílio da FEB, da produção de aço e do "trampolim da vitória", que foram de grande importância no resultado geral. Além do que, se as relações internacionais continuassem da maneira que estavam, Getúlio Vargas provavelmente se aliaria a Hitler e este, com uma base na América, conseguiria pelo menos adiar muito o fim da guerra, se não vencê-la.
Tecnologias
A tecnologia bélica evoluiu rapidamente durante a Segunda Guerra Mundial e sendo crucial para determinar o rumo da guerra. Algumas das principais tecnologias foram usadas pela primeira vez, como as bomba nucleares, radar, fuzil mais rápido, misséis balísticos, e processadores analógicos de dados (computadores primitivos). Enormes avanços foram feitos em aeronaves, navios, submarinos e tanques. Muitos dos modelos usados no início da guerra se tornaram obsoletos quando a guerra acabou. Um novo tipo de navio foi adicionado aos avanços: navio de desembarque anfíbio (usado no Dia D).

Consequências da Segunda Guerra Mundial

Materiais
Os Aliados determinaram pagamentos de guerra às nações derrotadas para a reconstrução e indenização dos países vencedores, assinado no Tratado de Paz de Paris. A Hungria, Finlândia e Romênia ordenou o pagamento de 300 milhões de dólares (valor baseado no valor do dólar em 1938) para a União Soviética. A Itália foi obrigada a pagar o correspondente a 360 milhões de dólares de indenizações cobrado pela Grécia, Iugoslávia e União Soviética. No fim da guerra cerca de 70% da infra-estrutura européia estava destruída. Os países membros do Eixo tiveram que indenizar os países Aliados em mais de 2 bilhões de dólares. Com a derrota do Eixo, a Alemanha teve todos todos os recursos financeiros e materiais transferidos para os Estados Unidos e a União Soviética, além de ter todas as indústrias dismanteladas para evitar um novo rearmamento como forma de vingança.

Prisioneiros de guerra
Prisioneiros de guerra do Gulag, na construção do campo de trabalho forçado de Belomorkanal
Com a derrota e posterior separação da Alemanha, cerca de 3 mil civis alemães viraram prisioneiros de guerra tendo que trabalhar em campos de trabalhos forçados no Gulag, na Rússia. Apenas em 1950, os civis poderam ter a sua liberdade e voltar para a Alemanha. Muitos dos prisioneiros de guerra alemão e italiano foram trabalhar na reconstrução da Grã-Bretanha e da França. Cerca de 100 mil prisioneiros foram enviados para a Grã-Bretanha e cerca de 700 mil para a França. além disso, os milhares de soldados presos pelos soviéticos continuaram em cativeiro, diferentemente dos prisioneiros pelos aliados, que foram libertados entre 1945 e 1948. No início dos anos 50, alguns prisioneiros alemães foram libertados pelos russos, mas somente em 1955, após a visita de Konrad Adenauer à URSS é que o restante dos prisioneiros ainda vivos foram libertados e retornaram a sua terra natal após até 14 anos de cativeiro. Todas as pesquisas e patentes dos prisioneiros alemães foram apropriadas pelo governo americano, como sendo patentes e inventos americanos.

Perdas humanas. O Holocausto

Campo de concentração de Buchenwald. Fotografia tirada no dia da libertação do campo pelas tropas aliadas em Abril de 1945.
Avalia-se em 50 ou 60 milhões o número de pessoas que morreram em consequência da guerra. As perdas foram superiores na Europa Oriental: estimam-se 17 milhões de mortes civis e 12 milhões de mortes militares para a União Soviética, 6 a 7 milhões para a Polónia (primariamente civis), enquanto que na França o número rondaria os 600 000.
O Holocausto comandado pelas autoridades nazis, como parte da "solução final" para o "problema judeu", levaria ao genocídio de cerca de seis milhões de judeus nos campos de concentração, para além de outras pessoas consideradas indesejáveis, como membros da etnia cigana, eslavos, homossexuais, portadores de deficiência, Testemunhas de Jeová e dissidentes políticos. Milhares de judeus eram usados como cobaias em diversas experiências, o que acarretou a propagação de doenças como tifo e tuberculose. Após a guerra cresceram as pressões sobre a Grã-Bretanha para o estabelecimento de um estado judaico na Palestina; a fundação do estado de Israel em 1948 resolveria a questão dos judeus sobreviventes na Europa, já que parte considerável deles migrou para o novo estado.

Territoriais

Divisão da Alemanha pelas quatro potências vencedoras (1945-1949)
As transformações territoriais provocadas pela Segunda Guerra começaram a ser delineadas pouco antes do fim desta. A Conferência de Ialta (4-12 de Fevereiro de 1945) teria como resultado a partilha entre os Estados Unidos e a União Soviética de zonas de influência na Europa. Alguns meses depois a Conferência de Potsdam, realizada já com a derrota da Alemanha, consagra a divisão deste país em quatro zonas administradas pelas potências vencedoras. No lado Oriental, ficaria a administração sob incumbência da União Soviética e, no lado Ocidental, a administração ficaria sob incumbência dos Estados Unidos, França e Inglaterra, tendo estas duas últimas desistido da incumbência.
A Itália perderia todas as suas colónias; a Ístria acabaria por ser integrada na Jugoslávia, tendo também sofrido pequenas alterações fronteiriças a favor da França.
O território da nação polaca desloca-se para oeste, integrando províncias alemãs (Pomerânia, Brandemburgo, Silésia), colocando a sua fronteira ocidental até aos cursos do Oder e do Neisse. A URSS progrediu igualmente para oeste, graças principalmente à reversão das perdas territoriais sofridas pelo Pacto de Brest-Litovsk: houve a criação da República Socialista Soviétida da Bielorússia (numa área de maioria étnica bielorussa, mas que havia sido concedida à Polônia), e também a ampliação da Ucrânia, que também havia perdido território, duas décadas antes, para a Polônia.
O Japão teve que abandonar, de acordo com o estabelecido no acordo de paz de 1951 com os Estados Unidos, a Manchúria e a Coreia, além dos territórios que havia conquistado durante o conflito. Nos anos 70, os Estados Unidos devolvem Okinawa ao Japão.

Políticas

Instalações da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. A fundação da ONU foi uma das consequências da guerra.
No plano das relações internacionais, o fracasso da Sociedade das Nações em evitar a guerra levaria à criação de uma nova instituição, a Organização das Nações Unidas. Fundada em Junho de 1945, apresentou como objectivos assegurar a paz e a cooperação internacional. Uma das razões apontadas para o fracasso da Liga das Nações foi a igualdade entre países pequenos e grandes, que bloqueava o processo de tomada de decisões. A ONU vai distinguir na sua organização interna cinco grandes países, tidos como detentores de maiores responsabilidades, e os restantes; estes cinco países possuem assento permanente no Conselho de Segurança, principal órgão da ONU, onde possuem direito de veto. Os outros membros do Conselho de Segurança são seis países eleitos rotativamente.
As principais potências imperialistas (França e Inglaterra) saíram da Guerra completamente arrasadas, tornado insustentável a manutenção de seus vastos territórios coloniais. Foi durante essa época que iniciou-se o movimento de descolonização afro-asiática.
A Segunda Guerra Mundial provocou igualmente o fim da hegemonia mundial da Europa e a ascenção de duas superpotências, os Estados Unidos da América e a União Soviética, que seriam os protagonistas da cena internacional durante o período conhecido como a Guerra Fria.


sexta-feira, 11 de maio de 2007

8º ano - Escravidão Negra no Brasil



A escravidão, também conhecida como escravismo ou escravatura, foi a forma de relação social de produção adotada, de uma forma geral, no Brasil desde o período colonial até o final do Império. A escravidão no Brasil é marcada principalmente pelo uso de escravos vindos do continente africano, mas é necessário ressaltar que muitos indígenas foram vítimas desse processo.
Os escravos foram utilizados principalmente em atividades relacionadas à agricultura – com destaque para a atividade açucareira – e na mineração, sendo assim essenciais para a manutenção da economia. Alguns deles desempenhavam também vários tipos de serviços domésticos e/ou urbanos.
A escravidão só foi oficialmente abolida no Brasil com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. No entanto, o trabalho compulsório e o tráfico de pessoas permanecem existindo no Brasil atual, a chamada escravidão moderna, que difere substancialmente da anterior.

O surgimento da escravidão no Brasil
Antes da chegada dos portugueses a escravatura já era largamente praticada no Brasil. Entre as tribos índias, a escravatura era infligida aos prisioneiros capturados nas guerras tribais. Esta não era a única forma de se obter escravos, os índios reduziam também à escravatura os fugitivos de outras tribos a quem davam refugio. Entre as tribos que praticavam a antropofagia os escravos eram freqüentemente devorados durante os rituais. Com a chegada dos portugueses os índios passam a vender muitos dos seus prisioneiros em troca de mercadorias.
Durante o período pré-colonial (15001530), os portugueses desenvolveram a atividade de exploração do pau-brasil, árvore abundante na Mata Atlântica naquele período. A exploração dessa matéria-prima foi possibilitada não só pela sua localização, já que as florestas estavam próximas ao litoral, mas também pela colaboração dos índios, com os quais os portugueses desenvolveram um tipo de comércio primitivo baseado na troca – o escambo. Em troca de mercadorias européias baratas e desconhecidas, os índios extraíam e transportavam o pau-brasil para os portugueses até o litoral.
A partir do momento em que os colonizadores passam a conhecer mais de perto o modo de vida indígena, com elementos desconhecidos ou condenados pelos europeus, a exemplo da antropofagia, os portugueses passam então a alimentar uma certa desconfiança em relação aos índios. A colaboração em torno da atividade do pau-brasil já não era mais possível e os colonos tentam submetê-los à sua dominação, impondo sua cultura, sua religião – função esta que coube aos jesuítas, através da catequese – e forçando-os ao trabalho compulsório nas lavouras, já que não dispunham de mão-de-obra.
A escravidão no Brasil segue assim paralelamente ao processo de desterritorialização sofrido por estes. Diante dessa situação, os nativos só tinham dois caminhos a seguir: reagir à escravização ou aceitá-la.
Houve reações em todos os grupos indígenas, muitos lutando contra os colonizadores até a morte ou fugindo para regiões mais remotas. Essa reação indígena contra a dominação portuguesa ocorreu pelo fato de que as sociedades indígenas sul-americanas desconheciam a hierarquia e, conseqüentemente, não aceitavam o trabalho compulsório. Antes dos estudos etnográficos mais profundos (fins do século XIX e, principalmente, século XX), pensava-se que os índios eram simplesmente "inaptos" ao trabalho, tese que não se sustenta depois de pesquisas antropológicas em suas sociedades sem o impacto desestabilizador do domínio forçado.
Os índios assimilados, por sua vez, eram superexplorados e morriam, não só em decorrência dos maus-tratos recebidos dos portugueses, mas também em decorrência de doenças que lhes eram desconhecidas e que foram trazidas pelos colonos europeus, como as doenças venéreas e a varíola.
Diante das dificuldades encontradas na escravização dos indígenas, a solução encontrada pelos colonizadores foi buscar a mão-de-obra em outro lugar: no continente africano. Essa busca por escravos na África foi incentivada por diversos motivos. Os portugueses tinham interesse em encontrar um meio de obtenção de altos lucros com a nova colônia, e a resposta estava na atividade açucareira, uma vez que o açúcar tinha grande aceitação no mercado europeu. A produção dessa matéria-prima, por sua vez, exigia numerosa mão-de-obra na colônia e o lucrativo negócio do tráfico de escravos africanos foi a alternativa descoberta, iniciando-se assim a inserção destes no então Brasil colônia. Convém ressaltar que a escravidão de indígenas perdura até meados do século XVIII.

O aprisionamento de indígenas e o tráfico negreiro

"Família de um chefe camacã se prepara para uma festa", de Jean Baptiste Debret - Os índios foram os primeiros escravos no Brasil.

Recibo de compra e venda de escravos. Rio de Janeiro, 1851.
Para obter mais detalhes, veja Tráfico de escravos para o Brasil
O aprisionamento era a principal forma de obtenção de escravos indígenas. Ao serem capturados os índios eram forçados a executar o trabalho nas lavouras, onde eram superexplorados e sofriam maus-tratos. Os índios capturados nas guerras tribais também começaram a ser vendidos aos portugueses em vez de permanecerem escravos na aldeia do seu captor.
Em decorrência dessa situação e do fato de não estarem adaptados à escravidão , muitos indígenas morriam. Além disso, o aprisionamento era uma atividade que gerava lucros internos, ou seja, a metrópole portuguesa não se beneficiava com ela. Esses fatores contribuíram para que a mão-de-obra africana fosse inserida nas lavouras brasileiras, sendo obtida através do tráfico de escravos vindos principalmente das colônias portuguesas na África.
Essa atividade, também conhecida como tráfico negreiro, além de ser uma grande fonte de mão-de-obra caracterizava-se por ser também uma forma de obtenção de altos lucros, sendo assim de interesse da metrópole, já que além dos traficantes, lucravam também a Coroa portuguesa e até a Igreja Católica, que detinha uma certa porcentagem sobre cada escravo que entrava no Brasil.
A atividade do tráfico negreiro inicia-se oficialmente em 1559, quando a metrópole portuguesa decide permitir o ingresso de escravos vindos da África no Brasil. Antes disso, porém, transações envolvendo escravos africanos já ocorriam no Brasil, sendo a escassez de mão-de-obra um dos principais argumentos dos colonos.
Capturados nas mais diversas situações, como nas guerras tribais e na escravização por dívidas não pagas, os escravos africanos provinham de lugares como Angola e Guiné. Eram negociados com os traficantes em troca de produtos como fumo, armas e aguardentes e transportados nos chamados navios negreiros. Esses navios tinham destinos como as cidades do Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São Luís, e delas eram transportados para regiões mais distantes. Durante as viagens, muitos escravos morriam em decorrência das péssimas condições sanitárias existentes nas embarcações, que vinham superlotadas. Quando desembarcavam em solo brasileiro, os escravos africanos eram vendidos em praça pública. Os mais fortes e saudáveis eram os mais valorizados.
Havia protestos, embora por vezes distantes, sem continuidade e sem medidas coercitivas, contra os maus tratos. Em 1º de março de 1700 por exemplo, o Rei de Portugal D. Pedro II escreveu uma carta indignada ao governador-geral D. João de Lencastre sobre os maus tratos dados aos escravos no Brasil: «... Não lhe dando fardas e outros nem ainda farinha», e comentando dos «cruéis castigos, por dias e semanas inteiras, havendo alguns que por anos se acham metidos em correntes, sendo mais cruéis as senhoras em alguns casos para com as escravas, apontando-se alguns que obram tanto os senhores como as senhoras com tal crueldade como são pingar de lacre e marcar com ferro ardente nos peitos e na cara, executando neles a mutilação de membros. De Francisco Pereira de Araujo se diz que cortou as orelhas a um, e pingou com lacre; outro veio do sertão, a quem o senhor cortou as partes pudendas, entendeu com uma sua negra; de outro, que se curou no hospital, se diz que foi tão cruelmente açoitado do seu senhor que lhe provocara especialmente o rigor da Justiça Divina, pelo que é de razão». Diz ainda de castigos que se fazem por suspensão de cordas em árvores, para que os mosquitos os estejam picando e desesperando, sobre os açoitarem e pingarem com a mesma crueldade que fazem os demais...»
Houve muito aloroço com a necessidade de mão-de-obra nas Minas Gerais. Datado de 26 de março de 1700, um Bando do Governador do Rio Artur de Sá e Menezes proibiu que fossem transportados para as Minas escravos de cana e mandioca, enquanto ao mesmo tempo a Câmara se dirigia ao Conselho Ultramarino e pedia providências para facilitar entrada de africanos. Conseguiu duas medidas: a instituição de um tributo de 4$500 por cada escravo tirado de engenhos e despachado para as Minas, (e desde Carta Real de 10 de junho de 1699 havia direitos de entrada de 3$500 por cada negro vindo da África para o Rio de Janeiro) e a liberdade de comércio de negros e do tráfico. A própria Coroa traficava: e desde a Carta Régia de 16 de novembro de 1697 o preço de cada negro vendido era 160$000; em 1718 o preço tinha subido a 300$000, embora custo fosse de apenas 94$000.
A atividade do tráfico negreiro foi extremamente lucrativa e perdurou até 1850, sendo oficialmente extinguida nesse ano com a Lei Eusébio de Queirós.

O trabalho dos escravos

O Tronco, de Jean Baptiste Debret - Escravos sendo castigados no tronco.
Os índios que foram assimilados e escravizados pelos colonos portugueses mostraram-se mais eficientes na execução de tarefas a que já estavam adaptados no seu modo de vida, como a extração e o transporte de madeira, do que nas atividades agrícolas. Esses trabalhadores eram superexplorados e muitos morriam em decorrência dos castigos físicos aplicados pelos portugueses. O uso de indígenas como escravos perdurou até o século XVIII. Refira-se que os escravos, de orígem africana, alforriados e libertos frequentemente adquiriam seus próprios escravos passando de escravos a escravagistas.
Diante das dificuldades encontradas no processo de escravização dos indígenas, os portugueses encontram como alternativa a utilização de escravos africanos, obtidos através do tráfico negreiro. Os escravos africanos poderiam ser designados pelos seus senhores para o desenvolvimento dos mais diversos tipos de atividades,destacando-se as atividades agrícolas, sendo a extração da cana-de-açúcar a principal, a mineração e os serviços domésticos.
A agressividade em relação aos indígenas permeava a administração colonial e fração considerável do clero consentia a escravidão e a executava. O padre Antônio Vieira – diante da redução de braços indígenas para os trabalhos nas lavouras do Maranhão e Pará – defendia o cumprimento de leis anteriores em favor da liberdade dos índios, propugnando, numa informação enviada à Coroa em 1678, a introdução de escravos da África para suprir a escassez de mão–de–obra indígena.
A atividade açucareira foi durante muito tempo o pilar sobre o qual a economia colonial se sustentou. Foi desenvolvida principalmente na Zona da Mata, no litoral nordestino, que oferecia condições naturais favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar, produto que obtinha grande aceitação no mercado europeu e que garantia alta lucratividade. Para o seu cultivo, adotou-se o sistema de plantations, caracterizado pelo uso de latifúndios monocultores. A extração da cana necessitava de um grande contingente de mão-de-obra e foi a partir dessa necessidade que uma grande quantidade de africanos passou a trabalhar nos engenhos - propriedades destinadas ao cultivo e produção de açúcar.
Na agricultura, muitos escravos foram utilizados também no cultivo de tabaco, algodão e café, por exemplo.
Já na mineração, atividade que começa a ganhar grande importância na economia colonial durante o século XVIII, muitos cativos foram utilizados na exploração de metais preciosos, principalmente o ouro, na região de Minas Gerais. Vale ressaltar que com o desenvolvimento da mineração foram desenvolvidas várias atividades secundárias e dependentes dela, como a pecuária, das quais os escravos também participaram.
Os escravos domésticos - como indica o próprio nome - trabalhavam nas casas de seus senhores, realizando serviços como cozinhar e costurar. Existiram ainda casos de escravos que prestavam serviços remunerados e deveriam pagar parcela de sua renda ao seu proprietário, os chamados “escravos ao ganho”, além de escravos que eram alugados pelos seus senhores para desenvolver algum ofício (pedreiro, carpinteiro, cozinheiro, etc.) a um terceiro, sendo assim “escravos de aluguel”. Estes dois últimos tipos de escravos desenvolviam suas tarefas geralmente nos espaços urbanos.

Escravo sendo castigado, em pintura de Jean Baptiste Debret
O escravo encontrava-se na posição de propriedade de seu senhor, não possuindo assim qualquer direito. Era o seu proprietário o responsável por garantir os elementos básicos à sua sobrevivência, como a alimentação e as suas vestimentas. O cativo estava à disposição do seu dono, que o superexplorava. Era vigiado pelos chamados capitães-do-mato, que também capturavam os escravos fugidos e lhes aplicava os mais diversos tipos de castigos, como o açoitamento, o tronco, peia, entre outras punições, o que contribuía para diminuir o tempo de vida dessa mão-de-obra. Em síntese, executava o seu trabalho nas mais desumanas das condições.
Por parte dos senhores, existia uma discriminação com relação ao trabalho, já que o consideravam como “coisa de negros”. Convém ressaltar que houve casos de alforria, isto é, de escravos que foram libertados. Essas libertações ocorriam pelos mais variados motivos, desde vontade do senhor em virtude da obediência e lealdade do escravo até casos em que o cativo conseguia comprar a sua liberdade. Vale ressaltar também que a escravidão foi a base de sustentação da economia brasileira até o final do Império.

Resistência à escravidão

Tanto os índios quanto os africanos promoveram formas de resistência à escravidão, não sendo assim passivos a ela.
Os índios resistiram desde o momento em que os colonos portugueses tentam escravizá-los a força. Os africanos e seus descendentes, por sua vez promoveram várias formas de resistência à escravidão. A mais conhecida de todas foi a criação dos quilombos, uma espécie de "sociedade paralela" formada por escravos que fugiam de seus senhores, sendo o mais popular o Quilombo dos Palmares, localizado em Alagoas. Existiram, porém, inúmeras outras formas de se resistir à escravidão, como o suicídio, assassinatos, rebeliões e revoltas organizadas contra os senhores. Convém ressaltar que essas revoltas são um dos fatores que contribuíram para a abolição da escravatura. Diga-se que a escravatura também era frequentemente praticada nos quilombos, por exemplo, no Quilombo dos Palmares os cativos eram mantidos como escravos e utilizados para o trabalho nas plantações. No entanto, não era abolir a escravatura que algumas destas revoltam tinham como objectivo. A revolta dos Malês não só visava a libertação dos escravos africanos como pretendia escravizar os brancos, os mulatos e os não muçulmanos.

Abolição da Escravatura

Original da Lei Áurea no Museu da Imprensa, em Brasília - Crédito de Ana Nascimento/ABr.
A abolição da escravatura foi processada de forma gradual e decorreu de toda uma situação formada com a sucessão do processo histórico, sendo ocasionada por uma série de pressões exercidas tanto por fatores externos quanto internos.
Pode-se encontrar nos fatores internos a ação de grupos abolicionistas compostos por inidivíduos oriundos de diversas camadas da sociedade. Deve-se distinguir entre aqueles que eram favoráveis ao fim da escravidão os abolicionistas dos emancipacionistas, visto que estes eram favoráveis a uma abolição lenta e gradual dessa relação de trabalho, enquanto aqueles defendiam o fim imediato do trabalho escravo. Além da ação dos grupos abolicionistas, deve-se destacar a atuação de resistência da maior vítima do processo de escravidão, visto que os escravos não eram passivos e resistiam à dominação das mais diversas maneiras, como fugas, revoltas, assassinatos, suicídios, entre outros métodos.
Entre os fatores externos, pode-se destacar as pressões exercidas pelo Império Britânico sobre o governo brasileiro. A Inglaterra vivia naquele momento o auge do fenômeno do qual foi berço - a Revolução Industrial. O processo de industrialização demandava a ampliação dos mercados consumidores a fim de se obter a venda da crescente produção. O Brasil era um dos grandes parceiros comerciais ingleses, mas a relação de trabalho escravista não garantia aos trabalhadores que dela foram alvos poder aquisitivo. Além disso, o governo inglês já abolira a escravidão em todos os seus territórios. As elites latifundiárias das colônias inglesas nas Antilhas sofreram perdas nesse processo a partir do momento em que haviam ganhado mais um custo de produção com o desenvolvimento de relações de trabalho assalariadas e que perdiam espaço na concorrência com a produção brasileira. Sentindo-se lesados, esses latifundiários passaram a exercer pressão sobre o parlamento inglês a fim de que a escravidão fosse combatida de forma mais efetiva. Em 1845, o parlamento inglês aprovou a chamada Lei Bill Aberdeen (em inglês, Aberdeen Act), que concedia à Marinha Real Britânica poderes de apreensão de qualquer navio envolvido no tráfico negreiro em qualquer parte do mundo. Como conseqüência da pressão inglesa, em 1850, o tráfico negreiro é oficialmente extinto com a Lei Eusébio de Queirós. Com o fim da principal fonte de obtenção de escravos, o preço destes elevou-se significativamente, uma vez que ocorre uma diminuição na sua oferta. Já em 1871, é promulgada a Lei do Ventre Livre, que garante a liberdade aos filhos de escravos. Nove anos depois, inicia-se uma campanha abolicionista estimulada por intelectuais e políticos, como José do Patrocínio e Joaquim Nabuco. O sistema escravista enfraquece-se mais ainda com a Lei dos Sexagenários (1885), que liberta todos os escravos com mais de 60 anos de idade.
No dia 13 de maio de 1888, a Lei Áurea é assinada pela Princesa Isabel, extinguindo oficialmente a escravidão no Brasil.
A abolição da escravidão, apesar de garantir a liberdade, não alterou em nada as condições socioeconômicas dos ex-escravos, que continuaram a viver, de uma forma geral, na pobreza, sem escolaridade e sofrendo com a discriminação. Não impediu também que a superexploração de mão-de-obra em regime de escravidão e o tráfico de pessoas continuassem sendo praticados até os dias atuais.
Convém ressaltar que, enquanto relação social de trabalho predominante no território brasileiro, a escravidão foi substituída pela mão-de-obra imigrante assalariada.

A herança dos escravos

Tanto os indígenas quanto os escravos africanos foram elementos essenciais para a formação não somente da população, mas também da cultura brasileira. A diversidade étnica verificada no Brasil decorre do processo de miscigenação entre colonos europeus, indígenas e africanos. A cultura brasileira, por sua vez, apresenta fortes traços tanto da cultura indígena quanto da cultura africana. Desde a culinária, onde se verificam o vatapá, o caruru e a tradicional feijoada brasileira nascida nas cozinhas dos escravos, chegando até a língua portuguesa, é impossível não perceber a influência da cultura dos povos que foram escravizados no Brasil.